Máscaras, horas de ensaios para que tudo saia perfeito, plateias lotadas e fã-clubes que acompanham passo a passo a vida dos personagens principais. Pode parecer que estamos falando aqui de uma peça de teatro ou um musical da Broadway, mas vamos conhecer hoje o universo de um dos esportes mais populares do mundo, principalmente na América Latina: a lucha libre.
Criada no México, na década de 1930, e baseada nas tradicionais lutas de wrestling americanas, a lucha libre é um tipo de esporte não muito convencional, já que quase tudo ali é previamente decidido de maneira teatral. Apesar disso, todos os envolvidos são atletas profissionais de luta — por isso eles executam tão bem as acrobacias e golpes que parecem reais.
Os personagens que fazem parte do contexto são criados a partir de figuras emblemáticas da sociedade mexicana e claramente divididos entre o bem e o mal, ou melhor, neste caso, entre os técnicos e os rudos.
O conflito de mal x bem na lucha libre
Os “técnicos” são os personagens que representam o bem, os chamados mocinhos da luta. Quase sempre representam fazendeiros, trabalhadores, super-heróis ou guerreiros da cultura asteca. Mas isso não significa que eles sempre vençam os “rudos”, os vilões da lucha libre. Assim como na vida real, nem sempre os bons moços conseguem lidar com os malvados, que dentro do ringue são representados por lutadores que encarnam personagens como traficantes de drogas, políticos corruptos, coronéis e até mesmo cidadãos dos Estados Unidos.
Para dar vida a todos esses personagens, os lutadores, em sua maioria, usam máscaras personalizadas. Ter a identidade revelada, aliás, é quase um pecado dentro do ringue e soa como uma humilhação para o atleta. Por causa da máscara, muitos lutadores viraram verdadeiras celebridades e se tornaram ícones da cultura mexicana ao longo dos anos. O primeiro grande nome da lucha libre, o famoso El Santo, nunca teve seu rosto revelado. Quando faleceu, em 1984, foi enterrado com a máscara de seu personagem.
Golpes e regras da “lucha”
Apesar da teatralidade, as ligas mexicanas de lucha tem categorias e regras muito bem definidas. Assim como nas demais lutas oficiais, os lutadores são divididos em pesos. As diferenças começam a aparecer na hora da luta, já que na lucha libre elas podem ser realizadas individualmente, duplas ou em equipes!
Um lutador, para vencer, precisa manter o seu adversário imobilizado e com as costas no chão por três segundos, na contagem do juiz. Outra opção de vitória é conseguir manter o seu oponente por 20 segundos fora do ringue. Há também as desclassificações, como quando um lutador comete o grave delito de tirar a máscara de seu rival!
Na arena, que parece um vale-tudo, há golpes considerados clássicos entre os lutadores. No golpe “cavalo”, por exemplo, um lutador derruba o seu rival de costas, agarra o seu pescoço e o força para trás. As famosas cabeçadas, que já vimos em filmes e vídeos na internet, são chamadas de “tope”. Um outro clássico é a “plancha”, um golpe onde um lutador mergulha sobre outro que está deitado no chão e coloca todo o peso. Apesar de tudo ser bastante coreografado, não é raro o caso em que um dos lutadores se empolga e acaba machucando o adversário.
Marketing e dramaturgia
Os campeonatos oficiais de lucha libre carregam doses da também, famosa, dramaturgia mexicana. Quando uma temporada começa, já estão estabelecidas as funções de técnicos e rudos, quais lutas serão vencidas pelos vilões e mocinhos e toda uma trama é montada para que as multidões se envolvam de verdade com a história.
A paixão do público, inclusive, quase sempre gera brigas entre as próprias torcidas, o que coloca a lucha libre como um dos esportes mais famosos no México, atrás apenas do futebol. Em cidades como Tijuana, na fronteira com os EUA, a luta é um verdadeiro fenômeno!
E esta paixão já se espalha por vários outros países do mundo, até no Brasil! Nas décadas de 1980, lutas chegaram a ser transmitidas pela TV e consagraram alguns personagens. Até hoje existe por aqui uma liga chamada WWE.
Você já assistiu a um espetáculo de lucha libre? Conte pra gente aqui nos comentários se você tem um lutador preferido!